
Sempre foi o tipo de
garota que acreditava no melhor das pessoas. Acreditou em promessas que
jamais foram cumpridas, deu chances a quem não merecia e depositou esperanças
em histórias sem finais felizes. Acreditar é sinônimo de decepcionar, ela
sabia. Mas não queria ceder a essa realidade tão cruel, não podia. Teve seu
coração destroçado, estraçalhado, partes por todos os cantos da casa,
sentimentos jogados ao vento e palavras que rasgavam seu peito a cada vez que relembradas.
"O problema não é você, sou eu.", "Você é perfeita, mas não é
isso que eu procuro..", "Estamos em épocas diferentes..",
"Não sei se queremos as mesmas coisas". Acreditar, se decepcionar,
cair, levantar, acreditar de novo? Não, isso precisava mudar.
Decidiu que precisava se livrar de tudo que remetia ao seu eu antigo. Jogou
fora suas roupas velhas, sabe, aquelas camisetinhas já não faziam sentido;
rasgou fotos como se estivesse rasgando o seu passado das suas lembranças e se
desfez de presentes que tanto a encantaram um dia. Se era pra desapegar do
passado, que desapegasse também da sua própria imagem: cortou o cabelo como se
estivesse assumindo uma nova identidade e, mais importante, mudou seu modo de
enxergar as pessoas. Abriu os olhos e não gostou do que viu. Como as
pessoas eram falsas e forçadas! Quantos relacionamentos baseados no medo de
ficar sozinho? Mulheres se desvalorizando a troco de atenção só por uma
noite? Homens mentindo, traindo e sendo perdoados no dia seguinte? Amizades
sendo jogadas no lixo? Que mundo, hein.
Você já deve ter
escutado muitas histórias sobre pessoas decididas, e bem, essa é uma
delas. Sabe aquela garota que acreditava no melhor das pessoas? Ela resolveu
colocar o coração pra hibernar; a típica, e tão clichê, mulher independente que
não precisa de ninguém. Se desapegou da ideia de que ser feliz é ter alguém
ao seu lado; "Ter alguém ao meu lado? Para que?" Só me
retem." Preencheu seu coração com tanto amor próprio que não sobrou
espaço para mais nada. E ainda me perguntam, como se tornar uma pessoa
indiferente e desapegada? Tá aí, a vida nos faz assim.
Chega um dia que cansamos de ser boas sem nenhum reconhecimento, afinal, ser
boazinha? À troco de que? Trato as pessoas como elas merecem, e sim, elas
merecem toda minha desconfiança e indiferença. O pouco de sentimento que restou
dentro de mim está guardado e esperando alguém que o mereça, porque cá pra nós,
por enquanto a única pessoa digna desse amor todo, foi eu mesma. Me amo, me
quero e preciso de mim. Quanto aos outros? Não sei. Que vivam a vidinha
deles, que não se importem comigo assim como não me importo com eles, que não
percam o tempo falando de mim porque eu não dou a mínima e que aprendam que
invejar alguém não fará que suas vidinha medíocres mudem. Sabe,
pequenas coisas que aprendi com a vida e que todos deveriam aprender.
Ser desapegada é não dar chance para que alguém te decepcione.
Desconfio antes de acreditar, sou indiferente antes de me importar, não me
apego a qualquer um e deixo que cada um siga o seu caminho, mesmo que diferente
do meu. Sei que não posso segurar as pessoas pela camisa e obrigá-las a
ficarem ao meu lado, por isso dou meu melhor sorriso e digo meu sincero adeus.
Pode ir, se sentir falta, volta. Se eu vou estar aqui? Talvez. Me
desapeguei de ideias, pessoas, lugares e de esperanças. Não espero nada das
pessoas, não fico muito tempo em um mesmo lugar, não tenho sonhos e não tenho
um plano de vida traçado. Vou vivendo assim, dia após dia, feliz com minha
mania de não se importar com o que vai acontecer.
O indiferente de hoje é aquela pessoa que já se importou demais, e por quem
não merecia.
Eu espero sim que alguém um dia me surpreenda, me faça acreditar, tire meu
escudo e me diga que eu posso confiar. Mas enquanto essa pessoa não vem.. Não
se apega não. Estou feliz sozinha!
_
Esse texto é da Isabela Freitas. Ele tem uma primeira parte. Para ler a parte I, acessar o blog da Isabela e saber mais sobre o universo da moça, clica
aqui.
Aqui em casa tá em reforma, por isso andei sumida. O computador ficou desmontado por 9 dias e não programei posts suficientes. Mas aos pouquinhos vou ajeitando as coisas, aqui em casa e no blog.
Beijo